Lição 05 – 30 de julho de 2023 – Editora BETEL
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Sobre Obadias
O livro de Obadias: O
título desta breve profecia condida no livro mais curto do Antigo Testamento é:
"Visão de Obadias". Quem tenha sido Obadias, não possuímos meios para saber. Seu nome
significa "servo de Jeová" e diversos personagens têm esse nome no Antigo Testamento, mas nada
existe para ligar este profeta com quaisquer dos outros Obadias. Quanto ao
emprego do termo "visão", para descrever o conteúdo da profecia, e que lança luz sobre o modo
pelo qual o profeta recebeu sua mensagem, compare-se com os versículos iniciais
de Isaías, Ezequiel, Amós, Miquéias, Naum a Habacuque; ver também Números 12.6.
Esta
profecia fala sobre "Edom". Edom é denunciada por seu orgulho, especialmente por sua falta de
bondade fraternal para com Judá, e seu julgamento, no dia de Jeová, é predito
juntamente com o de todas as outras nações.
No
livro do profeta Obadias não é mencionada a sua genealogia, nem outro pormenor
a seu respeito. Obadias é um nome bastante comum, e significa “servo do Senhor”. Doze ou treze pessoas com tal nome são mencionadas na Bíblia (1 Reis
18.3-16; 2 Crônicas 17.7; 34.12-13). Dependemos da data desta profecia para
sabermos se o Obadias que escreveu este livro é citado noutra parte do Antigo
Testamento. Como nenhum rei é mencionado, não sabemos com certeza a data em que
foi escrito. A única alusão histórica diz respeito a uma ocasião em que os
edomitas regozijaram-se com a invasão de Jerusalém, e até mesmo tomaram parte
na divisão dos despojos (vide versículo 11-14). Não fica claro, porém, qual
invasão Obadias tinha em mente. Houve cinco invasões de monta contra a cidade
santa durante os tempos do Antigo Testamento: de Sisaque, rei do Egito, em 926
a.C., durante o reinado de Roboão (1 Reis 14.25-26); dos filisteus e árabes no
reinado de Jorão, entre 848 e 841 a.C. (2 Crônicas 21.16-17); do rei Jeoás de
Israel no reinado de Amazias, em 790 a.C. (2 Reis 14.13-14); de Senaqueribe,
rei da Assíria, no reinado de Ezequias, em 701 a.C. (2 Reis 18.13); dos
babilônios entre 605 e 586 a.C. (2 Reis 24-25).
Acredita-se
que Obadias tenha profetizado em conexão com a segunda. A destruição de Jerusalém
por Nabucodonosor parece a menos provável, porque não há nenhum indício, no
livro, da destruição completa de Jerusalém ou da deportação de seus habitantes.
Os profetas que se referem à destruição de Jerusalém identificam sempre o
inimigo como sendo Nabucodonosor, e não simplesmente “forasteiros” e “estranhos” (versículo 11). Sendo assim, a ocasião da profecia de Obadias é mais
provavelmente a segunda das cinco invasões, quando filisteus e árabes se
reuniram para pilhar a cidade. Por essa época, os edomitas, que se achavam sob
o controle de Jerusalém, já haviam consolidado sua liberdade (2 Crônicas
21.8-10). Seu júbilo, motivado pela queda de Jerusalém, fica bem patente e
compreensível. Levando-se em conta que o período do reinado de Jorão vai de 848
a 841 a.C., e que a pilhagem de Jerusalém já era realidade, considera-se 840
a.C. uma data provável à composição da profecia. Parte do contexto da profecia
relembra Gênesis 25.19-34; 27.1; 28.9, isto é, a longa rivalidade entre Esaú
(pai dos edomitas) e Jacó (pai dos israelitas). Embora leiamos em Gênesis a
respeito da reconciliação entre ambos os irmãos (Gênesis 33), o ódio entre seus
descendentes irrompia frequentemente em guerras no decurso da história bíblica
(conforme Números 20.14-21; 1 Samuel 14.47; 2 Samuel 8.14; 1 Reis 11.14-22). Em
consonância com suas hostilidades, os edomitas regozijaram-se com as
adversidades de Jerusalém.
O
ancestral epônimo dos edomitas foi Esaú (Gênesis 36.1, 8-9). Suas relações com
seu irmão gêmeo, Jacó, pai da Judá, são descritas em Gênesis 25-36. Desde
quando as crianças lutavam no ventre de sua mãe, foi-lhe dito pelo Senhor que "Duas nações há no ventre... e o maior
servirá ao menor" (Gênesis 25.22 e
seguintes). Subsequentemente, Esaú é pintado como alguém que "por um manjar vendeu o seu direito de
primogenitura" (Hebreus 12.16), mostrando-se
insensível para os valores espirituais. Nasceu dentro da aliança, mas falhou em
apreciar o privilégio que lhe pertencia por direito de nascimento, deixando
igualmente de receber as bênçãos acompanhantes. A estima em que Deus tinha Jacó
e Esaú, respectivamente, é sucintamente expressa na declaração: "Amei a Jacó, e aborreci a Esaú" (Malaquias 1.2 e seguintes.; conforme Romanos 9.13).
Os
Herodes, do Novo Testamento, eram edomitas, e eram fiéis ao seu caráter.
Note-se como se mostravam insensíveis para a verdade espiritual, especialmente
quando ela se mostrou corporificada em Jesus Cristo, a perfeita representação
do Jacó e Judá (Ver especialmente, Mateus 2; Lucas 13.31 e seguintes; 23.8 e
seguintes; Atos 12.21 e seguintes). Gênesis 36.8 nos relata que "Esaú habitou na montanha de Seir".
O monte
Seir é frequentemente usado como sinônimo para a nação inteira de Edom, a qual
se tornou a terra dos descendentes de Esaú. Edom é a área diretamente ao sul do
mar Morto, especialmente a região montanhosa ao leste da Arabá (isto é, a
depressão que liga o mar Morto ao Golfo de Acaba). A porção sul de Edom é a
região de Temã, a qual, algumas vezes, também é usada, no Antigo Testamento,
como sinônimo para toda Edom; e as duas principais cidades de Edom são Bozra e
Sela (Petra); esta última significa "rocha", tanto no hebraico como no grego.
De
Eziom-Geber, no golfo de Acaba, saía o "caminho do rei", que
atravessava Edom até o norte. Era ao longo desse caminho que Moisés queria
levar os filhos de Israel. O relato sobre a recusa de Edom, não dando a
necessária permissão para tal, se encontra em Números 20.14-21 (conforme Deuteronômio
2.1-18). O antagonismo continuou mesmo depois dos israelitas se terem estabelecido
em Canaã (ver, por exemplo, 2 Samuel 8.14; 2 Reis 14.7; 2 Crônicas 28.17), e
encontramos os profetas a denunciar Edom constantemente. Quanto às principais
profecias contra Edom, ver Isaías 34.5; Jeremias 49.7-22; Lamentações 4.21 e
seguintes.; Ezequiel 25.12-14; 35; Joel 3.19; Amós 1.11 e seguintes. Um vívido
quadro de julgamento a visitar Edom, nos é dado em Isaías 63.1-6, e algum tempo
mais tarde encontramos uma olhada para a passada destruição de Edom em Malaquias
1.2-5. Houve recrudescências do poder e da influência de Edom após o
encerramento do período do Antigo Testamento, mas, hoje em dia, as notáveis
ruínas de Petra são tudo quanto resta da grandeza de Edom.
Quanto
à participação de Edom no saque de Jerusalém, em 586 a.C., ver especialmente Ezequiel
35.5,12,15 e Salmo 137.7. Essa participação de Edom não é mencionada nos livros
históricos, embora facilmente possa ser encaixada ali, como, por exemplo, nos
assaltos saqueadores descritos em 2 Reis 24.2.
Esaú e
Edom ocupam um lugar de profunda significação na revelação divina da verdade.
Essa significação é focalizada agudamente nesta breve profecia de Obadias. O
pano de fundo do quadro que nos é exposto por Obadias é Jacó; o primeiro plano
é Esaú. Jacó e os que dele descenderam são vistos a passar pelos sofrimentos,
da natureza de castigo, mas daí seguem para a restauração final. Esaú é
contemplado como um orgulhoso, um rebelde, um desafiador, encaminhando-se para
a destruição final. Podemo-nos regozijar que, no dia do Senhor, "o reino será do Senhor", mas não devemos deixar de acatar o exemplo de Esaú, pois, afinal de
contas, "Não foi Esaú irmão de
Jacó?" (Malaquias 1.2). Em o Novo
Testamento, o escritor do livro de Hebreus nos exorta a "Tendo cuidado de que ninguém se prive da
graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por
ela muitos se contaminem... profano, como Esaú... Porque bem sabeis que,
querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou
lugar do arrependimento..." (Hebreus
12.15 e seguintes).
Embora
o Novo Testamento não se refira diretamente a Obadias, a inimizade tradicional
entre Esaú e Jacó, que subjaz a este livro, também é mencionada no Novo
Testamento. Paulo refere-se à inimizade entre Esaú e Jacó em Romanos 9.10-13,
mas passa a lembrar da mensagem de esperança de que Deus nos dá: todos os que
se arrependerem de seus pecados, tanto judeus quanto gentios, e invocarem o
nome do Senhor, serão salvos (Romanos 10.9-13; 15.7-12).
O livro
refere-se ao destino dos filhos gêmeos de Isaque e Rebeca, cujo casamento foi um
dos mais célebres da Bíblia (Gênesis 24). Todavia, a ênfase do livro está em
Esaú, por intermédio de quem Isaque insistia que a bênção continuasse, apesar
de Deus já ter selecionado Jacó (Gênesis 25.23) A preferência de Isaque por
Esaú parecia ser a melhor escolha, de conformidade com as atividades de ambos
em Gênesis. Mas a história decorrente de independência, vingança e violência
dos descendentes de Esaú demonstram o perigo das escolhas humanas em oposição
às divinas.
Apesar
de descenderem de dois irmãos gêmeos, as nações de Edom e Israel tornaram-se
inimigas rancorosas e implacáveis. Essa inimizade começou muito antes com uma "raiz de amargura" que se tornou uma inimizade mútua, nacional, jamais reconciliada (Hebreus
12.15-17.) Ironicamente, começou num lar piedoso, onde o favoritismo foi
demonstrado pelos pais, e provocou intensa rivalidade entre os rapazes e amarga
contenda entre os seus descendentes (Gênesis 25.28 e seguintes; 27.41.) Aquela
inimizade no seio de uma família ainda produz manchetes internacionais no
Oriente Médio, lembrando-nos do princípio afirmado por Tiago: "Vede como uma fagulha põe em brasas tão
grande selva" (Tiago 3.5).
A
mensagem do livro não pode ser apreciada adequadamente sem o pleno conhecimento
do passado. Obadias não é apenas o menor livro do Antigo Testamento, mas
provavelmente também o de mais longa introdução. A seguir, alguns pontos
culminantes da história de Edom:
(a) A
história começa com a disputa entre os irmãos gêmeos, na qual Jacó e sua mãe
planejam arrancar de Esaú o seu direito de primogenitura e bênção (Gênesis 25,
27).
(b) A
inimizade e amargura de vinte anos diminuiu um pouco quando Jacó teve um
encontro com Deus, ao voltar de Padã-Arã (Gênesis 32, 33).
(c) Sua
inimizade tornou-se nacional quando Israel voltou do Egito, apesar de o Senhor
ter ordenado a Israel que não se vingasse (Números 20.14-21; Deuteronômio 2.5).
(d)
Essa inimizade entre Israel e Edom continuou por 1000 anos, de Moisés a
Malaquias, envolvendo muitas escaramuças de menor importância.
(e) Os
edomitas foram condenados por muitos profetas: Números 24.18-19; Isaías 11.14;
Jeremias 49.7-22; Ezequiel 25.12-14; Joel 3.19; Amós 1.11-12; Malaquias 1.3-4.
(f)
Mateus apresenta a história de Jesus em Mateus 1-2 com o registro da intensa
inimizade de Herodes, o edomita, que se tinha tornado rei de Israel. Aquela
inimizade pode ser notada em diversas gerações da dinastia herodiana: Herodes,
o Grande, procurou assassinar a Jesus (Mateus 2.16); Herodes Antipas tinha assassinado
a João Batista, procurado matar a Jesus, e humilhou-o cruelmente no julgamento
da sua morte (Mateus 14.10; Lucas 13.31; 23.11); Herodes Agripa I matou a Tiago
e tentou matar a Pedro (Atos 12.1 e seguintes).
(g) A
nação de Edom (Iduméia), como Israel, extinguiu-se depois da invasão e expurgo
romanos em 70 d.C., sendo que os romanos a incorporaram à Arábia Pétrea.
(h) Os
edomitas são evidentemente muito criticados pelos profetas devido à sua
renovada preeminência nos últimos dias, pois serão eles os inimigos que o
Messias destruirá quando vier em julgamento (Isaías 34.18; 63.1-4; Malaquias 1.4).
(i)
Essa destruição final será completa e perpétua, embora outros antigos vizinhos
de Israel sejam restaurados (Isaías 19.23-25; Jeremias 49.13; Ezequiel 35.9; Obadias
9; Malaquias 1.4).
Obadias
é a síntese do último capítulo da história, como se fosse a conclusão dos
livros sobre Edom. Foi um povo que podia ter se tornado grande, tendo sido
dotado de rara sabedoria e força, mas "vendeu o seu direito de primogenitura" por desprezar a Palavra de Deus e o povo escolhido por Deus. Os
edomitas permitiram que um antigo ciúme se transformasse em amargura e
vingança, incorrendo no eterno julgamento divino. São extremamente raros os
edomitas de renome, tais como Doegue, que matou os sacerdotes de Nobe, Hadade,
inimigo de Davi, e Herodes, que tentou matar o Messias (1 Samuel 22.18; 1 Reis
11.14 e seguintes; Mateus 2.16).
Por
causa do orgulho e do ódio cruel de Edom, foi decretada sua destruição. “Se te elevares como águia e puseres o teu
ninho entre as estrelas, dali te derrubarei, diz o Senhor” (versículo 4). Nada podia salvar essa nação criminosa. Seu povo foi
expulso das casas na rocha, cinco anos após a destruição de Jerusalém, quando o
rei Nabucodonosor, ao passar pelo Vale de Arabá, que constituía a entrada
militar para o Egito, esmagou os edomitas. Deixaram de existir como nação cerca
do ano 150 a.C. E seu nome pereceu com a captura de Jerusalém pelos romanos. “Como
tu fizeste, assim se fará contigo” (versículo 15).
O livro
termina com a promessa de livramento para Sião. “E os da casa de Jacó possuirão as suas herdades” (versículo 17). O primeiro passo para o futuro restabelecimento dos
judeus é a recuperação daquilo que já lhes pertenceu.
O povo
escolhido de Deus acabava de ser levado para o cativeiro por Nabucodonosor. A
Terra Santa estava deserta, e Deus anunciara a Edom a sua ruína. Jeremias fez
essa mesma profecia no capítulo 49.
Cinco
anos mais tarde, Edom caiu diante da mesma Babilônia a que haviam ajudado. Ela
seria como se nunca tivesse existido, tragada para sempre. Essa foi a profecia
contra Edom. Mas Israel levantar-se-á novamente da sua presente queda. Possuirá
não somente sua própria terra como também a Filístia e Edom. Regozijar-se-á
finalmente no reinado santo do Messias prometido. Obadias, como outros
profetas, prediz a vinda do Dia do Senhor e o estabelecimento do reino do
Messias.
Uma
semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 2º
Trimestre de 2023, ano 33 nº 127 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens
e Adultos – Professor – Gênesis – A segurança de viver pela fé nas promessas de
Deus – Bispo Abner Ferreira.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e
Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes
Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central
Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia –
Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora Vida – 2014
– Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo
Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento -
William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.
Editora
Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento –
Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.