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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Lição 01 - 4º trimestre de 2023 - O verdadeiro discípulo anda na verdade

Lição 01 – 01 de outubro de 2023 – Editora BETEL

O verdadeiro discípulo anda na verdade

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Sobre andar na verdade

A batalha em defesa da verdade e contra a apostasia é travada não apenas no lar (2 João), mas especialmente na igreja local, onde entra em cena a terceira carta de João. Esta pequena carta (a epístola mais curta do Novo Testamento no texto original grego) permite vislumbrar uma congregação primitiva com seus membros e problemas. Ao ler esta carta sucinta, é possível observar que os tempos não mudaram tanto assim. Há pessoas e problemas semelhantes hoje.

Uma das palavras-chave desta carta é testemunho (3 João 3,6,12). Refere-se não apenas às palavras ditas, mas também à vida. Todo cristão é uma testemunha - para melhor ou para pior. Ou colaboramos com a verdade (3 João 8) ou lhe servimos de empecilho.

Esta carta é dirigida a Gaio, um dos líderes da congregação. Mas, nestes versículos, João também trata de dois outros homens: Diótrefes e Demétrio. Onde há pessoas, há problemas - e o potencial para resolver problemas. Cada um de nós deve se perguntar com honestidade: "sou parte do problema ou da solução?"

Gaio era reconhecido como um homem que obedecia à Palavra de Deus e "[andava] na verdade" (ver 2 João 4). Alguns irmãos haviam visitado João várias vezes, relatando com grande alegria que Gaio era um excelente exemplo do que a vida cristã deve ser.

O que fazia de Gaio uma testemunha tão excelente? A verdade de Deus. A verdade estava nele e lhe permitia andar em obediência à vontade de Deus. Gaio lia a Palavra, meditava sobre ela, se deleitava nela e, então, a praticava em sua vida diária (ver Salmo 1.1-3). A meditação é para a alma o que a digestão é para o corpo. Não basta ouvir a palavra ou ler a Palavra. Deve-se "digeri-la" internamente e torná-la parte do ser interior (ver 1 Tessalonicenses 2.13).

Fica claro que a vida de Gaio era completamente envolta pela verdade. A vida autêntica vem da verdade viva. Jesus Cristo, a verdade (João 14.6), é revelado na Palavra, que é a verdade de Deus (João 17.17). O Espírito Santo também é a verdade (1 João 5.6) e ensina a verdade. O Espírito de Deus usa a Palavra de Deus para revelar o Filho de Deus e, então, nos capacita para obedecer à vontade de Deus e a "andar na verdade".

João 17. Embora os discípulos tenham sido mencionados na oração (João 17.6-8), somente agora o pedido é por eles. Eu rogo por eles (João 17.9). O próprio Jesus está na função de Advogado (1 João 2.1). Duas grandes forças se unem pelos homens, Eu, o Requerente, e o Pai, a quem se pede. Com esse tipo de ajuda, um discípulo nunca fracassará (João 10.28; Judas 24).

Quem são esses discípulos em cujo nome tão fervorosa intercessão é feita? Eles são os onze. Eles pertencem ao Pai — eles são teus — e foram dados ao Filho. Assim pertencem a ambos, em uma propriedade mútua: todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas (10). Eles estão no mundo (11) mas não são do mundo (14). É por eles que Ele roga.

O que é que Ele pede por eles? Três coisas.

1. Guardá-los. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste. A tradução da KJV baseia-se em um texto sem grandes documentações, e a versão RSV deve ser preferida. Comentando sobre o significado, Bernard diz: “Em Cristo, Deus foi revelado com o amor e proteção providenciais; o seu ‘Nome’, i.e., a sua natureza essencial como Pai, foi exibido no Filho Encarnado. Assim, ‘o Nome’ do Pai foi ‘dado’ a Cristo e esta é outra forma de expressar a unidade essencial entre o Pai e o Filho”. A súplica é feita ao nosso Pai santo, e é pelo seu nome que os discípulos serão guardados (protegidos). Hoskyns afirma com grande clareza: “A santidade de Deus assinala a sua separação da descrença e da maldade do mundo, que está sob o poder do Diabo (1 João 5.19). É precisamente esta santidade que marca os verdadeiros discípulos de Jesus, que estão no mundo, mas que não são do mundo, e que provê a base para a sua unidade”.

Há um momento de trágica reminiscência na oração. É sobre Judas. Todos os discípulos foram guardados, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição. As palavras gregas para perdeu e perdição são cognatas e referem-se a “perecer de forma final”. Em Marcos 14.4, a mesma palavra é usada para “desperdício”. “Possivelmente, este incidente estava sendo recordado quando Judas foi chamado de ‘filho da perdição’, o homem que realmente desperdiçou o que era precioso”. Assim, não é de admirar que Jesus tenha orado: Que os livres do mal (“do maligno”; conforme Mateus 6.13). Para estarem protegidos do “maligno”, eles não devem ser tirados do mundo, apesar de que o mundo os odiou. Para que a Escritura se cumprisse provavelmente é uma referência a Salmos 41.9-10.

2. Que tenham a minha alegria completa em si mesmos (conforme João 15.11; 16.20- 22,24). A obra de Jesus pelos homens está terminada. Esta é a sua alegria; e agora o que falta é somente que esta obra tenha resultado sobre os discípulos, isto é, que sejam guardados, protegidos (João 17.11,15), santificados (João 17.17-18) e unidos pelo laço do amor (João 17.22,26).

3. Santifica-os na verdade (João 17.17). O verbo grego hagiazo, aqui um imperativo aoristo, significa “consagrar, dedicar, santificar, tratar como sagrado, reverenciar, purificar”. O seu adjetivo cognato é hagios, que significa “santo”. A forma substantiva plural hoi hagioi é “os santos”. O fato de que o verbo seja um imperativo aoristo indica claramente que a santificação dos discípulos seria uma experiência de crise. “Não é possível que signifique um processo incompleto, mas um ato definitivo de santificação”.

Qual é a natureza da santificação que Jesus pede ao Pai para os discípulos?

(a) É claro que isto só poderia se dar pelo poder de Deus. O próprio fato de que o pedido foi feito ao Pai, e não foi uma ordem para os discípulos, evidencia isto. O homem não pode santificar-se a si mesmo. Ele não é capaz, nem adequado,

(b) Ela acontece na verdade (João 17.17-19). Assim, uma pessoa é “verdadeiramente santificada”. Westcott destaca: “A verdade pela qual eles são odiados e pela qual eles são fortalecidos (João 17.14) é o poder pelo qual são transformados”. Bernard diz: “A verdade deveria ser o meio da sua consagração como... o ‘Espírito da Verdade’ deveria ser o Agente” (conforme João 16.13). Isto também se torna efetivo por meio da autoconsagração de Jesus. Ninguém mais poderia ter dito E por eles me santifico a mim mesmo (João 17.19). Ele se dedicou, consagrou-se à morte, um Sacrifício voluntário (João 10.18), para tornar possível a purificação, a consagração e a santificação dos crentes (conforme Hebreus 13.12). Strachan comenta: “Jesus é ao mesmo tempo o sacerdote e a vítima. Portanto, o seu sacrifício é um sacrifício voluntário. Ao ‘santificar’ a si mesmo, Jesus consagra a si mesmo a Deus, para morrer”.

(c) É a preparação para a saída dos crentes ao mundo. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo (João 17.18).

A ordem de Jesus foi para que eles, em primeiro lugar, permanecessem (Lucas 24.49) e depois saíssem e fossem testemunhas (Atos 1.8). E uma preparação para “viver” as implicações éticas da santidade cristã. Uma pessoa deve estar pura para servir (João 13.14). “Como a consagração Divina necessariamente precisa envolver a santidade moral pessoal, Ele ora para que eles não sejam contaminados pelo mundo, e para que possam ser preservados do poder do maligno”. Algumas vezes, existe uma tendência de enfatizar a experiência interna da santificação para negligenciar ou excluir as suas necessárias implicações morais. Fazer isto é ser falso quanto ao ensino das palavras de Jesus: Para que também eles sejam santificados na verdade (João 17.19). Segundo Bernard, o verbo “conota não tanto a seleção de um homem para uma obra importante quanto a sua capacitação e adequação para o cumprimento da sua tarefa”.

Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 4º Trimestre de 2023, ano 33 nº 129 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens e Adultos – Professor –Terceira Epístola de João – Instituindo o discipulado baseado na verdade, no amor e fortalecendo os laços da fraternidade cristã – Pr. Alex de Mello Cardoso.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

Lição 01 - 01 de outubro de 2023 - Slides

O verdadeiro discípulo anda na verdade

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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Lição 13 - 3º trimestre de 2023 - Malaquias - um alerta sobre o perigo da prática religiosa vazia e sem vida

Lição 13 – 24 de setembro de 2023 – Editora BETEL

Malaquias – um alerta sobre o perigo da prática religiosa vazia e sem vida

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Sobre Malaquias

Data: Não é possível fixar a data da escrita do livro de Malaquias com qualquer exatidão. Sabemos por suas referências ao templo e aos sacerdotes, que ele viveu após o retorno do exílio babilônico e após a reconstrução do templo (516 a.C.). A referência em Malaquias 1.3, a um assalto contra Edom, não nos ajuda a fixar sua data, visto que tais ataques ocorreram em grande número no quinto e quarto século a.C. Nem a palavra "príncipe", em Malaquias 1.8, necessariamente se refere a algum governante persa. Entretanto, o estado de coisas durante o ministério do profeta é semelhante ao que é pressuposto pelas reformas de Esdras e Neemias, e muitos eruditos são da opinião que o livro foi escrito pouco antes da chegada de Esdras. Essa data (cerca 460 a.C.) é mui geralmente aceita.

Pano de fundo: Os judeus tinham retornado do exílio impulsionados por altas esperanças. Inspirados por Ageu e Zacarias, haviam reconstruído o templo. Esse edifício não possuía a glória do templo original, que havia sido destruído pelos babilônios, mas servia para seu propósito. Mas, com a passagem dos anos, os judeus foram ficando desiludidos. A prosperidade prometida não retornava. A vida era difícil. Estavam cercados por inimigos, como os samaritanos, os quais procuravam impedi-los em cada oportunidade. Sofriam por causa da seca e das más colheitas e da fome.

Começaram a duvidar do amor de Deus. Punham em dúvida a justiça de Seu governo moral. Diziam que o praticante do mal era bom aos olhos do Senhor. Argumentavam que não havia proveito na obediência aos Seus mandamentos e em andar penitentemente perante Ele, pois eram os ímpios, que dependiam de si mesmos os que prosperavam.

Mensagem profética:

O profeta, então, começou a responder-lhes, mostrando-lhes que tal ceticismo se baseava na hipocrisia. Se lhes cabia a adversidade, esta havia caído sobre eles, não a despeito de sua piedade, mas antes, por causa de sua pecaminosidade. Por exemplo, havia a adoração corrompida em seus deveres no templo. Mostravam-se maus líderes de um povo que trazia ofertas inaceitáveis, mesmo depois de haverem prometido melhores ofertas. Os próprios gentios ofereciam sacrifícios mais dignos. O povo também vivia transgredindo, pois os homens se divorciavam das mulheres com quem se tinham casado na juventude e contraíam casamento com mulheres estrangeiras. Prevaleciam pecados de todas as espécies: feitiçaria, adultério, desonestidade, opressão aos fracos e impiedade generalizada. Como poderiam esperar a prosperidade quando a nação estava apodrecida com tais práticas? Malaquias, em verdadeira nota profética, condenou os pecados e convocou o povo para que se arrependesse. Caso purificassem sua adoração, obedecessem à lei e pagassem seus dízimos na íntegra, então o resultado seria as bênçãos de Deus. Ao fazer soar esse apelo, o profeta revelou que possuía uma alta concepção sobre Deus. Deus era o majestoso Senhor dos Exércitos; Seus decretos e juízos eram irresistíveis; Seu amor era santo e imutável.

Malaquias percebia a salvação final para seu povo, não no arrependimento deles, mas na ação do Senhor. Raiaria o grande dia do Senhor. Esse dia purificaria e vindicaria os piedosos o destruiria os ímpios. Esse dia seria preparado com a vinda do profeta Elias.

O homem: Tudo quanto sabemos sobre o profeta propriamente dito, temos de inferir de suas declarações. Ele era um profeta autêntico. Falava com plena autoridade. Podia realmente dizer: "Assim diz o Senhor dos Exércitos". Tinha um amor intenso por Israel e pelos serviços efetuados no templo e sua concepção sobre a tradição e os deveres dos sacerdotes era bem alta. Tem sido dito frequentemente que enquanto outros profetas frisaram a moralidade e a religião no íntimo, Malaquias punha ênfase sobre a adoração e o ritual. Mas, apesar de que isso seja verdade quanto aos aspectos gerais, temos de notar que ele não se esquecia totalmente das obrigações morais de Israel, e que, para ele, o ritual não era uma finalidade em si mesmo, mas apenas a expressão da fé do povo no Senhor.

Seu estilo é simples, direto e caracterizado pela frequente ocorrência das palavras "mas vós dizeis". Talvez isso signifique mais que um método retórico do escritor; pode ter tido sua origem nos clamores de protesto e dúvida dos perguntadores, quando ele pregou sua primeira mensagem nas ruas.

Citações no Novo Testamento: Somente três passagens deste livro são referidas ou citadas no Novo Testamento, a saber: Malaquias 1.2 e versículos seguintes; Malaquias 3.1; e 4.5 e versículos seguintes. A primeira delas: "Amei a Jacó. E aborreci a Esaú", contém uma idéia que se tem mostrado um tanto ofensiva para o gosto moderno.

O fim da profecia: Com o livro de Malaquias foi arriada a cortina sobre a cena profética, até a vinda do Batista. As palavras vívidas e poderosas dos profetas não mais foram ouvidas. Os escribas e os sacerdotes se tornaram os principais personagens religiosos. A era criativa havia cedido lugar à era do aprendizado. Os judeus contavam, agora, com grande tesouro literário e seus exegetas, aqueles que expunham essa literatura, tornaram-se o novo canal para a voz de Deus. A respeito dessa situação que se aproximava em que a religião era principalmente legalística, temos um claro sinal no livro de Malaquias.

Grandeza de Deus: Nenhum outro profeta enfatizou tanto a grandeza de Deus como o fez Malaquias nesse livro profético inserido no final do Antigo Testamento. Três vezes em Malaquias 1.11-14, o Senhor chama a atenção para a sua própria "grandeza", e dez vezes em todo o livro ele chama a atenção para a honra devida ao seu nome (Malaquias 1.6,11,14; 2.2; 5; 3.16; 4.2). Quando o pequeno e fragmentado restante de Israel estava prestes a entrar nos quatrocentos anos de silêncio profético, com os conquistadores e a cultura gentia rodopiando ao seu redor, precisava lembrar-se da grandeza do Deus que os chamara. Embora parecesse que os seus dias de grandeza fossem coisas do passado, a reivindicação do profeta ainda era para a grandeza de Deus, que os tinha chamado para fazer uma aliança com Ele.

Muitas divinas citações de Malaquias: Essa profecia consiste, quase exclusivamente, em citações do Senhor. Do mesmo modo que Ageu em sua breve mensagem, Malaquias usou continuamente a frase: "Assim diz o Senhor dos Exércitos" ou seu equivalente. Não é de admirar que ele tenha pronunciado seu próprio nome apenas uma vez! Ele era simplesmente o porta-voz ou mensageiro do Senhor. Aquela geração, mais do que qualquer outra, precisava de uma palavra forte e autoritária do Senhor, pois havia muitas irregularidades precisando de correção. Ao citar o Senhor, o profeta identificou-o como o "Senhor dos Exércitos" (vinte e quatro vezes). Esse nome-título enfatizava o seu poder como o Deus dos exércitos, uma designação apropriada para esse livro de julgamento e promessa, diante de um Israel virtualmente sem poder próprio.

Método de perguntas e respostas de Malaquias (1.2 etc.) O estilo dialético de Malaquias é um tanto singular entre os profetas, pois a maioria preferiu um estilo de conferência ou de narrativa. Malaquias registra nove tipos de diálogo do Senhor com Israel. As perguntas da nação têm sempre um tom de hostilidade ou rebeldia (Malaquias 1.2,6,7; 2.10,14,17; 3.7,8,13). Nessa forma provocante (chamada mais tarde de método "rabínico" ou "socrático"), o profeta apresentou as mais importantes queixas do Senhor contra os judeus e suas reações altivas. O estilo provou ser eficaz por chamar a atenção e chegar rapidamente ao assunto principal. Jesus também recorreu a um tipo semelhante de comunicação ao enfrentar os líderes hostis da época (Mateus 21.25, 31, 40; 22.42).

A religião corrompida de Israel: Conforme indicação de Malaquias, havia fortes sintomas de degeneração na fé de Israel. Sua visão de Deus era quase deísta: Questionavam o seu amor (Malaquias 1.2), sua honra e grandeza (Malaquias 1.14; 2.2), sua justiça (Malaquias 2.17) e seu caráter (Malaquias 3.13-15). Essa visão deficiente a respeito de Deus produziu uma atitude arrogante e fez com que as funções do templo fossem realizadas com enfado, o que insultava o Senhor ao invés de adorá-lo (Malaquias 1.7-10; 3.14). O dízimo não era dado de todo o coração, e as ofertas eram compostas de animais doentes e sem valor. Isto ofenderia até o mais simples governador que recebesse tal presente (Malaquias 1.8). Em reação a isto, o Senhor disse que atiraria lixo ao rosto dos sacerdotes (Malaquias 2.3) e amaldiçoaria as sementes plantadas (Malaquias 3.11). O resultado moral dessa religião desprezível foi o povo voltar-se para a feitiçaria, adultério, perjúrio, fraude e opressão do pobre (Malaquias 3.5). A discórdia familiar era frequente, levando-os a se divorciarem das esposas judias para se casarem com mulheres pagãs (Malaquias 2.10 e seguintes; 4.6). As condições eram tão más que se fazia necessária a atuação de um Elias para restaurar a paz familiar e evitar outra destruição do Senhor (Malaquias 4.5).

Israel peca roubando a Deus (Malaquias 3.8-10): Um dos pecados mais persistentes de Israel foi o de roubar os dízimos e ofertas pertencentes ao Senhor. O problema apareceu pela primeira vez com Acã, ao entrarem na Terra Prometida (Josué 6.17-19; 7.11), e foi um dos pecados pelos quais foram exilados para a Babilônia em 586 (2 Crônicas 36.21). O primeiro erro que muitos reis cometiam ao ser atacados era entregar os tesouros do templo para tentar apaziguar o inimigo, o que invariavelmente provocava novos ataques (2 Reis 18.14-16). Diante da sonegação dos dízimos, o Senhor lembra-Ihes que estavam, na realidade, roubando a si próprios, pois o resultado de tal atitude era o fracasso das colheitas. Corriam também o risco de ficarem com a mente cauterizada de tanto repetirem esse pecado (Malaquias 2.17; 3.15).

Promessa da volta de Elias (Malaquias 4.5-6):

A última promessa do Antigo Testamento é quanto à volta do profeta Elias antes do "grande e terrível dia do Senhor". Elias e Enoque foram os dois únicos homens que não passaram pela morte: o Senhor os trasladou para o céu (Gênesis 5.24; 2 Reis 2.11; Hebreus 11.5). Embora João Batista tivesse sido semelhante a Elias na sua obra de preparar Israel para o Messias, não foi realmente Elias (Mateus 11.14; 17.11-12; João 1.21). João Batista foi o precursor profetizado por Isaías 40.3 e Mateus 3.3, e o mensageiro de Malaquias 3.1.

Na tradição hebraica, Elias é o maior e mais fabuloso caráter já produzido por Israel (...) É ele quem abre as portas secretas pelas quais os mártires fogem, quem providencia dotes para as infelizes filhas dos pobres (...) Há para ele uma cadeira em todas as circuncisões, e um cálice de vinho em todas as mesas de Páscoa. Ele está nas encruzilhadas do paraíso a fim de saudar todas as pessoas virtuosas. Será o precursor do Messias, anunciando-o no novo mundo onde já não haverá sofrimento para Israel e todos os povos. (Abram Leon Sachar, A History the Jews, página 50 e seguintes). Em 1 Reis 17, Elias parece ter surgido do nada e desaparece de maneira semelhante em 2 Reis 2. Entretanto, sua austera figura ainda subsiste na memória reverente dos judeus enquanto esperam encontrar-se com ele, conforme anunciado por Malaquias.

Últimas palavras de Malaquias (Malaquias 4.4-6): Esses últimos três versículos são considerados pelos estudiosos um apêndice aos "Profetas" da Bíblia. Abrangem a Lei e os Profetas em Moisés e Elias. No entanto, sua perspectiva não é retrospectiva, mas progressiva, olhando com antecipação o julgamento de Elias e a alegria da era messiânica. Nas Bíblias hebraicas, o versículo 5 é repetido depois do versículo 6 para que o livro não termine com uma palavra de condenação (ocorre a mesma coisa nos livros de Isaías, Lamentações e Eclesiastes). É interessante observar que nas Bíblias hebraicas não existe o capítulo quatro em Malaquias. O capítulo três continua até completar vinte e quatro versículos. A nota dominante dos últimos seis versículos é antecipatória, apontando para os 400 anos de silêncio profético antes que outro "anjo" apareça anunciando a vinda do precursor e do mui esperado Messias (Lucas 1.11, 26 e seguintes). A última palavra de Malaquias não foi, na verdade, a última.

Cristologia em Malaquias (Malaquias 1.14; 3.1; 4.2): Apesar de o Senhor ter assegurado a eles novamente, na introdução do livro, a continuidade do seu amor imutável, a ênfase básica do livro é julgamento. De acordo com esse motivo, podem ser discernidos diversos títulos do Messias:

(a) Em 1.14, o Senhor declara ser um "grande Rei", muito maior do que o "governador", a quem não ofenderiam com uma oferta maculada (Malaquias 1.8). Nessa condição, ele não deixará de julgar o "impostor", que jura honestidade, mas é avarento. Zacarias 14.9 viu a majestade do Rei numa luz messiânica, quando o seu nome será reverenciado entre todas as nações.

(b) Em Malaquias 3.1, o Senhor declara ser o "Anjo da aliança", a quem buscavam. Mas, ao contrário da orgulhosa maneira de pensar dos israelitas, sua vinda será com julgamento para os perversos de Israel, a começar pelos filhos de Levi no templo. Sua primeira vinda ao templo em João 2.14-16 e Mateus 21.12 foi uma antecipação daquela futura vinda para purificar o povo e a terra.

(c) Aos que temem o seu nome, ele surgirá como o "Sol da Justiça", e trará cura e grande alegria (Malaquias 4.2; Isaías 60.19). O mesmo "Sol" que queima os perversos (Malaquias 4.1) curará os que temem o seu nome. Com essa promessa de sol celestial para purificar e curar a nação ao destruir o perverso num dia futuro desconhecido, a voz profética silenciou. Os sombrios dias do período intertestamentário testaram sua fé na palavra profética dada pela lei e os profetas.

Uma semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus Cristo!

Márcio Celso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Editora Betel 3º Trimestre de 2023, ano 33 nº 128 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens e Adultos – Professor – Profetas Menores do Antigo Testamento – Proclamando o arrependimento, justiça e fidelidade a Deus. Anunciando a esperança da salvação através do Messias – Pr. Antônio Paulo Antunes.

Jhon Wiclyfe University - PROFETAS MENORES.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.

Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.

Editora Vida – 2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.

Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Central Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.

Editora Vida – 2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.

Editora Central Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia – Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.

Editora CPAD – 2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.

Editora Vida – 2014 – Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional – Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.

Editora Mundo Cristão – 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.

Editora CPAD – 2010 – Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.

Editora Mundo Cristão – 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento – Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.

Editora Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 – Tradução: Susana E. Klassen.

Lição 13 - 24 de setembro de 2023 - Slides

Malaquias - um alerta sobre o perigo da prática religiosa vazia e sem vida

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