Lição 01 – 01 de outubro de 2023 – Editora BETEL
O verdadeiro discípulo anda na verdade
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Sobre andar
na verdade
A
batalha em defesa da verdade e contra a apostasia é travada não apenas no lar
(2 João), mas especialmente na igreja local, onde entra em cena a terceira carta
de João. Esta pequena carta (a epístola mais curta do Novo Testamento no texto
original grego) permite vislumbrar uma congregação primitiva com seus membros e
problemas. Ao ler esta carta sucinta, é possível observar que os tempos não
mudaram tanto assim. Há pessoas e problemas semelhantes hoje.
Uma das
palavras-chave desta carta é testemunho (3 João 3,6,12). Refere-se não apenas
às palavras ditas, mas também à vida. Todo cristão é uma testemunha - para
melhor ou para pior. Ou colaboramos com a verdade (3 João 8) ou lhe servimos de
empecilho.
Esta
carta é dirigida a Gaio, um dos líderes da congregação. Mas, nestes versículos,
João também trata de dois outros homens: Diótrefes e Demétrio. Onde há pessoas,
há problemas - e o potencial para resolver problemas. Cada um de nós deve se
perguntar com honestidade: "sou
parte do problema ou da solução?"
Gaio
era reconhecido como um homem que obedecia à Palavra de Deus e "[andava] na verdade" (ver 2 João 4). Alguns irmãos haviam visitado João várias vezes,
relatando com grande alegria que Gaio era um excelente exemplo do que a vida
cristã deve ser.
O que
fazia de Gaio uma testemunha tão excelente? A verdade de Deus. A verdade estava
nele e lhe permitia andar em obediência à vontade de Deus. Gaio lia a Palavra,
meditava sobre ela, se deleitava nela e, então, a praticava em sua vida diária
(ver Salmo 1.1-3). A meditação é para a alma o que a digestão é para o corpo.
Não basta ouvir a palavra ou ler a Palavra. Deve-se "digeri-la"
internamente e torná-la parte do ser interior (ver 1 Tessalonicenses 2.13).
Fica
claro que a vida de Gaio era completamente envolta pela verdade. A vida autêntica
vem da verdade viva. Jesus Cristo, a verdade (João 14.6), é revelado na
Palavra, que é a verdade de Deus (João 17.17). O Espírito Santo também é a
verdade (1 João 5.6) e ensina a verdade. O Espírito de Deus usa a Palavra de
Deus para revelar o Filho de Deus e, então, nos capacita para obedecer à
vontade de Deus e a "andar
na verdade".
João 17. Embora os
discípulos tenham sido mencionados na oração (João 17.6-8), somente agora o
pedido é por eles. Eu rogo
por eles (João 17.9). O próprio Jesus está na
função de Advogado (1 João 2.1). Duas grandes forças se unem pelos homens, Eu, o
Requerente, e o Pai, a quem se pede. Com esse tipo de ajuda, um discípulo nunca fracassará
(João 10.28; Judas 24).
Quem
são esses discípulos em cujo nome tão fervorosa intercessão é feita? Eles são
os onze. Eles pertencem ao Pai — eles são
teus — e foram dados ao Filho. Assim pertencem
a ambos, em uma propriedade mútua: todas as minhas coisas são tuas, e as tuas
coisas são minhas (10). Eles estão no mundo (11) mas não são do mundo (14). É
por eles que Ele roga.
O que é
que Ele pede por eles? Três coisas.
1.
Guardá-los. Pai santo,
guarda em teu nome aqueles que me deste. A
tradução da KJV baseia-se em um texto sem grandes documentações, e a versão RSV
deve ser preferida. Comentando sobre o significado, Bernard diz: “Em Cristo, Deus foi revelado com o amor e
proteção providenciais; o seu ‘Nome’, i.e., a sua natureza essencial como Pai,
foi exibido no Filho Encarnado. Assim, ‘o Nome’ do Pai foi ‘dado’ a Cristo e
esta é outra forma de expressar a unidade essencial entre o Pai e o Filho”. A súplica é feita ao nosso Pai santo, e é pelo seu nome que os
discípulos serão guardados (protegidos). Hoskyns afirma com grande clareza: “A santidade de Deus assinala a sua separação
da descrença e da maldade do mundo, que está sob o poder do Diabo (1 João
5.19). É precisamente esta santidade que marca os verdadeiros discípulos de
Jesus, que estão no mundo, mas que não são do mundo, e que provê a base para a
sua unidade”.
Há um
momento de trágica reminiscência na oração. É sobre Judas. Todos os discípulos
foram guardados, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição. As
palavras gregas para perdeu e perdição são cognatas e referem-se a “perecer de forma final”. Em Marcos 14.4, a mesma palavra é usada para “desperdício”. “Possivelmente, este
incidente estava sendo recordado quando Judas foi chamado de ‘filho da
perdição’, o homem que realmente desperdiçou o que era precioso”. Assim, não é de admirar que Jesus tenha orado: Que os livres do mal (“do maligno”;
conforme Mateus 6.13). Para estarem protegidos do “maligno”, eles não devem
ser tirados do mundo, apesar de que o mundo os odiou. Para que a Escritura se
cumprisse provavelmente é uma referência a Salmos 41.9-10.
2. Que
tenham a minha alegria completa em si mesmos (conforme João 15.11; 16.20-
22,24). A obra de Jesus pelos homens está terminada. Esta é a sua alegria; e
agora o que falta é somente que esta obra tenha resultado sobre os discípulos,
isto é, que sejam guardados, protegidos (João 17.11,15), santificados (João 17.17-18)
e unidos pelo laço do amor (João 17.22,26).
3.
Santifica-os na verdade (João 17.17). O verbo grego hagiazo, aqui um imperativo aoristo,
significa “consagrar, dedicar,
santificar, tratar como sagrado, reverenciar, purificar”. O seu adjetivo cognato é hagios, que significa “santo”. A forma substantiva plural hoi hagioi é “os santos”. O fato de que o verbo seja um imperativo aoristo indica claramente
que a santificação dos discípulos seria uma experiência de crise. “Não é possível que signifique um processo
incompleto, mas um ato definitivo de santificação”.
Qual é
a natureza da santificação que Jesus pede ao Pai para os discípulos?
(a) É
claro que isto só poderia se dar pelo poder de Deus. O próprio fato de que o
pedido foi feito ao Pai, e não foi uma ordem para os discípulos, evidencia
isto. O homem não pode santificar-se a si mesmo. Ele não é capaz, nem adequado,
(b) Ela
acontece na verdade (João 17.17-19). Assim, uma pessoa é “verdadeiramente santificada”. Westcott destaca: “A verdade
pela qual eles são odiados e pela qual eles são fortalecidos (João 17.14) é o
poder pelo qual são transformados”. Bernard
diz: “A verdade deveria ser o meio da
sua consagração como... o ‘Espírito da Verdade’ deveria ser o Agente” (conforme João 16.13). Isto também se torna efetivo por meio da
autoconsagração de Jesus. Ninguém mais poderia ter dito E por eles me santifico a mim mesmo (João 17.19). Ele se dedicou, consagrou-se à morte, um Sacrifício
voluntário (João 10.18), para tornar possível a purificação, a consagração e a
santificação dos crentes (conforme Hebreus 13.12). Strachan comenta: “Jesus é ao mesmo tempo o sacerdote e a
vítima. Portanto, o seu sacrifício é um sacrifício voluntário. Ao ‘santificar’
a si mesmo, Jesus consagra a si mesmo a Deus, para morrer”.
(c) É a
preparação para a saída dos crentes ao mundo. Assim como tu me enviaste ao
mundo, também eu os enviei ao mundo (João 17.18).
A ordem
de Jesus foi para que eles, em primeiro lugar, permanecessem (Lucas 24.49) e
depois saíssem e fossem testemunhas (Atos 1.8). E uma preparação para “viver” as
implicações éticas da santidade cristã. Uma pessoa deve estar pura para servir
(João 13.14). “Como a
consagração Divina necessariamente precisa envolver a santidade moral pessoal,
Ele ora para que eles não sejam contaminados pelo mundo, e para que possam ser
preservados do poder do maligno”.
Algumas vezes, existe uma tendência de enfatizar a experiência interna da
santificação para negligenciar ou excluir as suas necessárias implicações
morais. Fazer isto é ser falso quanto ao ensino das palavras de Jesus: Para que também eles sejam santificados na
verdade (João 17.19). Segundo Bernard, o
verbo “conota não tanto a seleção de um
homem para uma obra importante quanto a sua capacitação e adequação para o
cumprimento da sua tarefa”.
Uma
semana abençoada para todos os irmãos, na Paz do Senhor Jesus Cristo!
Márcio Celso
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º
Trimestre de 2023, ano 33 nº 129 – Revista da Escola Bíblica Dominical - Jovens
e Adultos – Professor –Terceira Epístola de João – Instituindo o discipulado
baseado na verdade, no amor e fortalecendo os laços da fraternidade cristã – Pr.
Alex de Mello Cardoso.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e
Corrigida.
Sociedade Bíblica
do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e
Atualizada.
Editora Vida –
2014 - Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes
Fernandes.
Editora Vida –
2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Central
Gospel – 2010 - O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento – Earl D. Radmarcher,
Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro.
Editora Vida –
2004 – Comentário Bíblico do Professor – Lawrence Richards.
Editora Central
Gospel – 2005 – Manual Bíblico Ryken – Um guia para o entendimento da Bíblia –
Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
Editora CPAD –
2017 – História dos Hebreus – Flávio Josefo.
Editora Vida – 2014
– Manual Bíblico de Halley – Edição revista e ampliada – Nova versão internacional
– Henry Hampton Halley – tradução: Gordon Chown.
Editora Mundo Cristão
– 2010 – Comentário Bíblico Africano - editor geral Tokunboh Adeyemo.
Editora CPAD – 2010
– Comentário Bíblico Mathew Henry – Tradução: Degmar Ribas Júnior, Marcelo
Siqueira Gonçalves, Maria Helena Penteado Aranha, Paulo José Benício.
Editora Mundo Cristão
– 2011 - Comentário Bíblico Popular — Antigo e Novo Testamento - William
MacDonald - editada com introduções de Art Farstad.
Editora
Geográfica – 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Antigo Testamento –
Volume 2 – Tradução: Susana E. Klassen.
Editora Geográfica
– 2007 – Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe – Novo Testamento – Volume 1 –
Tradução: Susana E. Klassen.